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ARTIGO| Serra do Cafezal Aventura, Fatos e Lendas por Léa Corrêa Pinto

Serra do Cafezal Aventura, Fatos e Lendas

 

Léa Corrêa Pinto*

 

A primeira de muitas aventuras, foi minha ida a Iterei, em 1956. Seguimos no fordinho Prefect do  médico homeopata , Dr. Aurélio Moraes Pinto, meu pai,  até Itapecerica e lá num táxi,  mais potente até Juquitiba,  aonde chegamos ao escurecer. Posteriorme

Besouro Iterei18/03/2013

nte, de Jeep até próximo à Serraria do Cafezal.

A Serraria tinha o nome de Cafezal, pois ali nas colinas mais baixas daquele vale, havia um pequeno Cafezal, com 5000 pés de café Caturra. Localizava-se vale abaixo, do km 348,5, atual restaurante Graal , antigo restaurante do Japonês,  fundado por Itmatsu Iamanoi, irmão mais velho do Juca, caminhoneiro,  que transportava toras para esta serraria inclusive na época do presidente Juscelino., quando da construção da antiga Br-2, de São Paulo com destino  a Curitiba.

O Juca, era o partido mais cobiçado ali do Cafezal, e  casou-se com Maria, da família Takayama, a moça mais linda daquela colônia de japoneses, composta por famílias que vieram da região de Tupã, noroeste de São Paulo. Os japoneses,  até então trabalhavam com as hortas, a serraria, e os cuidados com o cafezal. Este cafezal, de tamanho diminuto, mas algo inédito na região foi o que  denominou também o bairro Cafezal, que hoje pertence ao município de Miracatu. Finalmente,  o  convênio DNER/IME deu o nome de Serra do Cafezal ao lote rodoviário de 27 km aproximados. A polêmica duplicação deste trecho de Mata Atlântica,  da Br-116 tornou a nomenclatura Serra do Cafezal, famosa. Muitas lendas surgiram sobre a origem , bem como  a localização e a extensão da  Serra do Cafezal, que dista aproximadamente 90 km da capital, pela Br-116, e ainda é conhecida por Serra do 90.

Primordialmente, a estrada que ligava Juquitiba à Palestina, ao Cafezal,  e a Iterei, por entre vales e morros, teve recursos,  participação, e grande empenho do Dr. Aurélio Moraes Pinto, com vistas de facilitar o acesso aIterei, objeto, de seus estudos e dedicação.

Voltando ao início da estória a primeira de muitas aventuras, saímos  de Juquitiba de madrugada, do antigo Armazém do Leitão, e por fim,  conseguimos chegar de caminhão apenas à noite ali no Vale  do Ribeirão, que incorporou também o nome de Cafezal. e  pousamos, nas casas de madeira  dos japoneses. No outro dia, seguimos, com um guia e ajudantes, numa tropa com 2 mulas para a casinha de tora em Iterei, por entre os vales do Ribeirão Cafezal e do Caçador . Naquela tarde, chegou uma outra tropa, com sertanejos e suas mulheres vestidas de anil e maravilha, com os cabelos envoltos em  panos alvejados de saco, e, montando os animais, lateralmente,  em selins femininos. O grupo  arribou em pouco tempo, um rancho coberto de folhas de palmeira  e um fogãozinho de barro.  Era a tradicional, parada dos tropeiros em Iterei, em trânsito ao pé da Serra pelo vale do Caçador e do Braço Grande advindos de Juquitiba, pelo peabiru Serra Gra

Recado na Lousinha ITEREI 18/03/2013

nde, antes da construção das barragens da Companhia Brasileira de Alumínio – CBA.

Na década de  60, a Br-2 estava construída. Não obstante, as aventuras de chegar a Iterei, continuaram.  A pista tendo cortado a meia  encosta  com face para o  Planalto Atlântico, inutilizou o  acesso  tradicional  intervales, sob o atual  viaduto do km 349, antigo 93-  local milenar da passagem da fauna , do planalto rumo  as montanhas da Palestina e de Itapecerica e ao mar.  Chegar a  Iterei descendo as encostas, pelo novo acesso autorizado pelo DNER era fácil, o difícil, era subir aquela escarpa,  carecia empurrar, calçar, voltar,  tentar de novo, puxar.  Lembro-me também que no final da década de 50  para retornar a  São Paulo ali das Serras do Embu, muitas vezes,  era preciso subirmos com o Prefect, de ré. Na época não havia  o que se chama hoje Licença de Operação, a circulação da estrada em execução era liberada,

Na SerrVoltando escarpa acima porteira de ré 18/03/2013a do 90,  haviam apenas 2 pistas,  e um acostamento rudimentar: os caminhoneiros, no retorno sem carga, desciam à toda na banguela, ultrapassavam às cegas, e fosse lá o que Deus quizesse. Era o que se chamava de “apavorando na Serra do 90”, e , não eram apenas, conforme dito popular, os bananeiros e os frangueiros,  Era um verdadeiro terror e ato de coragem, ali trafegar,  pois só atenção e cautela não bastava para viver, foi daí que  veio o nome rodovia da Morte.

Décadas após, no frio dos invernos ou na época das grandes chuvas do sertão, habituei-me a conseguir ativar minha Variant, para pegar no tranco. descendo o Morro Grande , dentro de Iterei. Finalizo esta estória, com  este causo quando aos 18/03/2013,   para chegar a Iterei, hoje  terras da ARTERIS desapropriadas para a duplicação que ilha o vale do Ribeirão Caçador, e fecha a passagem intervales Caçador e Cafezal, fui surpreendida  nesta estrada de servidão da Autopista, pela porteira fechada, com cadeado novo,  e precisei   voltar, em dia de muita chuva, subindo em marcha  ré a escarpa, da antiga estrada de acesso -  sinuosa e abrupta-.  E o restante do caminho a São Paulo, no guincho, com minha guia  , a boxer Rebeca,  o que considero uma aventura e tanto para  meus 67 anos, mas , acho que não será a última.

Por derradeiro, não posso deixar de citar que o ilhamento do Ribeirão do Caçador, também no Setor Iterei, poderia ter sido evitado, conforme se depreende desta notícia ” A OHL informou ao Jornal Regional que, para o trecho central da Serra do Cafezal, mais específico entre o km 348 e o km 363, o cumprimento das condicionantes da LP (Licença Prévia) é muito mais complexo porque é um trecho que passa por uma Unidade Particular de Conservação e também pelo interior da área do Parque da Serra do Mar. Em conta disso, a Concessionária apresentou ao Ibama um estudo com refinamento do traçado em que contorna esses dois trechos polêmicos. Esse estudo foi apresentado informalmente ao Ibama, mas foi recusado pelo órgão.” [1][1]

* Léa Corrêa Pinto

ecologista,  pedagoga , moradora tradicional da Serra do Cafezal

email ngiterei@uol.com.br fone 11 3667-6357

http://lattes.cnpq.br/4896837059300211

http://issuu.com/iterei/docs/lcplattes221245170885

Fotos  de 18/03/2013 por Léa Corrêa Pinto

volta no guincho 18/03/2013


[1][1] http://regionaljornal.blogspot.com.br/2011/06/regis-bittencourt-licenca-previa-para.html