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Jan
13

ENCHENTES E DESLIZAMENTOS: COMO ROMPER A LÚGUBRE NOVELA?

 

 Como não poderia deixar de ser as chuvas de verão abrem mais uma temporada de tragédias estúpidas associadas a enchentes e deslizamentos de encostas.

Na verdade não cabe no Brasil a terminologia “desastres naturais”, nossos desastres não têm nada de natural, como aqueles que ocorrem em países pródigos em terremotos, vulcanismos, furacões, e outros poderosos agentes da Natureza. Em nosso país o problema está diretamente ligado a formas temerariamente equivocadas de intervenções humanas no meio físico geológico, o que leva a entender que no depender da vontade humana esses desastres são totalmente evitáveis. Quais seriam essencialmente esses equívocos?

No caso dos deslizamentos, ocupação de áreas de alta instabilidade natural, e que por isso não poderiam ser ocupadas, como, por exemplo, na Serra do Mar, e ocupação de áreas teoricamente ocupáveis mas com técnicas (corte/aterro) totalmente inadequadas, criando voluntariamente áreas de risco onde essas não precisariam existir; comuns, por exemplo, na metrópole paulista, Belo Horizonte, Recife, Salvador e tantas outras cidades.

No caso das enchentes, impermeabilização do ambiente urbano, canalização excessiva de rios e córregos e processos erosivos causando o assoreamento da rede de drenagem.

O primeiro passo para romper o caráter recorrente dessa sequência de tragédias exige um ato de discernimento e humildade das autoridades públicas: reconhecer que, ou pela inação, ou pela adoção de estratégias equivocadas, tudo o que estão priorizando e realizando até hoje na ilusão do combate a esses problemas está errado e precisa ser radicalmente alterado.

O segundo passo está na decisão simples e elementar de “parar de errar”, ou seja, não continuar cometendo os mesmos erros elementares que estão na origem desses fenômenos. Ou seja, o desafio continua imenso, mas ao menos se reduz a corrigir o passivo dos erros já cometidos.

O terceiro passo está em acertar o foco do combate aos problemas, voltando as baterias para a eliminação de suas causas. No caso dos deslizamentos, concentrar os esforços no reassentamento dos moradores de áreas de alto risco e, através de mecanismos de planejamento urbano, não permitir que novas áreas impróprias sejam ocupadas, como também cuidar para que áreas razoáveis para a ocupação não sejam estupradas por técnicas inadequadas. No caso das enchentes, definitivamente promover a ampla implementação das medidas não estruturais voltadas a recuperar a capacidade do espaço urbano em reter as águas de chuva e coibir os processos erosivos/assoreadores incidentes nas frentes de expansão urbana.

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)

  • Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia 
  • Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande         Barreira     da Serra do Mar”, “Cubatão” e “Diálogos Geológicos”
  • Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente

 —– Original Message —–

Sent: Friday, January 13, 2012 10:21 AM
Subject: artigo ENCHENTES E DESLIZAMENTOS: COMO ROMPER A LÚGUBRE NOVELA?

Passo aos amigos o artigo ENCHENTES E DESLIZAMENTOS: COMO ROMPER A LÚGUBRE NOVELA? que estou enviando para publicação.

Abraços,

Álvaro

  

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos

ARS Geologia Ltda

São Paulo – SP

11 – 3722 1455

divulgado por Léa Corrêa Pinto junto a Plataforma Montanhas hoje 13/01/2012