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Mai
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NEPAL | O menino de mão geladinha por Léa Corrêa Pinto

NEPAL | O menino de mão geladinha por Léa Corrêa Pinto
Aquiraz,, CE, 2015-05-05
“…Alerto para as barragens perigosas que estão hoje ora em fase de operação ou ainda de implantação no Himalaia e que poderão suscitar novo evento de dor e morte para os nepaleses…”
Quem sorriu primeiro não me lembro, mas no primeiro sorriso foi estabelecida uma relação de simpatia mútua, era 1968 verão em Paris, e eu estava com 23 anos “en vacances” na praça de Katmandu, rodeada de templos por todos os lados, cujos telhados, alguns dourados delimitavam o céu com suas formas triangulares.
Ai transitava um povo gentil utilizando ainda suas vestes típicas. O único sincretismo era uma bolsa de plástico duro de cores variadas, última moda entre as mulheres!
Lá também, Pelé era uma referência.
Segundo a recepção na alfândega, fui a primeira brasileira, a estar no Nepal. Como cheguei lá? Bem, está já é outra estória.
Os rapazes nepaleses que prestavam na ocasião serviços militares, corriam pela manhã com seu batalhão, em uniformes, então cremes. Alguns dos soldados portavam sobre as orelhas uma ou outra bonita flor (as amarelas eram as preferidas), e, assim que passavam pela praça, ofertavam sua flor nos templos, de porte mirim ou grandioso. Voltando, em seguida, à formação do grupo.
Um exército tão peculiar, para um país, entre a China a Índia, duas nações tão populosas, me preocupava, contudo foi o terremoto de 2015, o grande vilão.
O menino de 7 anos, de pés descalços e shortinho tecido em tear sempre que me via sorria. Nos comunicávamos com algumas frases e palavras chaves em inglês como bom dia, obrigada, aonde e outros básicos. Ele me dava sua mão geladinha e me guiava até aqui ou ali. Foi ele que me conduziu a pedido, a um alfaite , que sob medida confeccionou em lã nativa tecida a mão, cor de laranja vivo, um costume, utilizado pelos homens, e que foi muito útil, em minha volta à Europa, por rodovia através das montanhas do Afeganistão (antigo Caminho da Seda do Marco Polo)
O sorriso e o olhar do menino da mão geladinha, que teria ou tem agora entorno de 49 anos, cruza o tempo e o espaço e estampa em mim um apelo ao povo nepalês, por hoje e amanhã, portanto:
Alerto para as barragens perigosas que estão hoje ora em fase de operação ou ainda de implantação no Himalaia e que poderão suscitar novo evento de dor e morte para os nepaleses, conforme artigo do New Yorker. Apelo para urgentes e eficientes medidas preventivas e mitigadoras às agências internacionais, em especial a UNDP- United Nations Development Programme, que após o recente terremoto no Nepal, divulgou manual de medidas preventivas,. bem como aos agentes financiadores destas barragens hidrelétricas, e a todos que como eu fizeram parte da peregrinação universal dos jovens do ocidente ao oriente, iniciada na década de 60, e que estão mobilizados na salvaguarda destes povos tradicionais, que tão gentilmente nos acolheram.
Barragens perigosas no Nepal (The New Yorker)
http://www.newyorker.com/ne…/news-desk/nepals-dangerous-dams
Sobre a autora:
http://issuu.com/iterei/docs/lcplattes221245170885
Vale olhar:
http://issuu.com/iterei/docs/itereimemoria1
http://pt.slideshare.net/…/mountains-under-review-human-alt…
http://plataforma-montanhas.rio20.net/…/rio20-lancamento-e…/

More than four hundred dams are planned or are under construction in steep Himalayan valleys in China, India, Pakistan, and Bhutan, in one of the biggest waves of dam construction the world has ever seen.
newyorker.com|Por Isabel Hilton